segunda-feira, 20 de julho de 2009

paz

"Saber desistir. Abandonar ou não abandonar – esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir jogando" [Clarice Lispector, em "Um Sopro de Vida"]

Entrar em sintonia conosco é precioso. Perceber o que se passa. Ter consciência. Existe circunstância em que independente da intensidade do sentimento é preciso deixá-lo pra trás. Algo parecido com a água de um rio que passa pelo corpo, que tira a sensação pesada que sequer tínhamos noção de carregar.

Ao ler esse trecho de Clarice imediatamente me veio à lembrança a carta do Osho que tirei na semana passada, quando pedi orientação sobre o presente. A carta foi "Transformação" e dizia que não havia o que ser feito. Nada deveria ser feito.

A resposta à minha pergunta era simplesmente desistir. A carta me falava que de imediato precisava me entregar à passividade profunda, aceitar qualquer dor, tristeza ou dificuldade e aceitar o fato consumado.

Clarice me fala coisa semelhante. E, continua: "Eu não quero apostar corrida comigo mesma". Nem eu. Incrível como a percepção foi clara. De certa maneira, o que vivo é a disputa comigo, venho resistindo. Ainda é tempo para serenar, me entregar. A desistência é redentora porque significa o meu próprio resgate.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom! vivo isso também...

Beijos! Saudades!