terça-feira, 28 de julho de 2009

fundo

por Cristina Thomé [17/05/2000]

Caso disponha de alguns instantes, olhe fixamente para os meus olhos. Será invadido por um silêncio imaculado, uma profundez oceânica.

Nas pupilas amendoadas terá um caminho reto para tudo aquilo que imagino secreta e solitariamente. Existirão restos de navios. A palavra não pronunciada estará a seu alcance.

Mantenha seu olhar e haverá uma chave para o meu segredo, cujo conteúdo nem eu tenho explorado em toda sua profundidade. A ânsia violenta das ondas que se mostram na tormenta ao náufrago sem saída.

Continue olhando e terá o seu próprio medo recuperado, a dúvida sobre a existência em toda a sua possível exuberância. Um mundo fértil não compartilhado.

"Há um silêncio onde nenhum som se faz ouvir.
Há um silêncio onde ser algum pode existir.
Na fria sepultura das profundezas do mar."
[Thomas Houd]

Agora sim, desvie seu olhar. A tontura virá, a pressão das águas foi embora. Não encare mais ninguém, por enquanto. Descanse. Nunca se sabe o que lhe trarão os próximos olhos.

4 comentários:

AGNALDO NO ESPELHO disse...

Ora, e para quê outros olhos depois de ter encontrado um oceano tão castanho e profundo?

Bjos.

Cristina Thomé disse...

Rsss... Te amo! Beijo

AGNALDO NO ESPELHO disse...

Eu também... (rsrsrsrs) (Vamos encher esse post de rasgação de seda e declarações de amor incondicional).

Bjos.

fernanda magalhães disse...

vc escreve mutcho lindo mesmo, florzinha de maracuja