domingo, 21 de junho de 2009

escapulário

por Cristina Thomé

Gostava de ver o escapulário contornando seu pescoço até o meio dos seios. Havia emagrecido bem nos últimos tempos e se sentia confortável assim.

A corrente era fininha prateada com Jesus Cristo e Nossa Senhora do Carmo nas extremidades. Fazia contraste com a pele clara. Especialmente no banho gostava de segurá-lo entre os dedos, enquanto a água reconfortante levava o peso do dia.

Ao olhar para seu corpo branco riu sozinha. Lembrou de ter sido chamada de "translúcida". Foi uma brincadeira carinhosa de Alba, pessoa que conhecia pouco e respeitava muito. A imagem de Alba fez a memória despregar lembranças boas. Lembrar embaralhava o tempo, tornava-o acidental, relativo. E isso não era ruim àquela altura.

O escapulário não pertencia a essas lembranças. Veio depois. Ao apertá-lo com um pouco mais de força foi sugada para o presente. De translúcida sua pele migrava para vermelha. Hora de sair do banho e da memória.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

batimento

Ontem foi dia de hospital. Fomos pra lá no final da tarde. Problemas da melhor amiga: taquicardia, velha conhecida. Como o batimento não baixava depois de 3 horas de manobras próprias, ela resolveu não esperar mais.

Horário de chegada: 17 horas. Preenchimento de ficha, atestado de responsabilidade sobre a paciente (óbvio que eu não sou da família: melhor amiga  japonesa e eu com essa cara de italiana), CPF, RG, telefone... Momento de esperar na recepção. Ficamos ali tricotando a vida, os últimos acontecimentos, o jogo bacana do iPhone dela, enquanto o batimento cardíaco acelerado não dava trégua. Ainda houve tempo pra rir um pouco das desgraças enquanto o atendimento não vinha.

A enfermeira chama. Lá vamos nós para uma viagem que duraria até a manhã do dia seguinte... Entra a moça com o aparelho de eletrocardiograma. Ela faz o exame de praxe, coloca aquela meleca pegajosa nos eletrodos e gruda no corpo da melhor amiga. Eletrocardiograma pronto, ficamos ali na salinha improvisada, aguardando outra vez. Nunca entendi como boa parte das enfermeiras, de jaleco e roupas brancas, consegue ficar elegante em pleno "vuco" de hospital. A mocinha simpática, de cabelos longos presos na trança e brincos compridos, pede pra esperar. A melhor amiga já estava com aquele camisolão ridículo, azulzinho.

A porta abre e um enfermeiro, acompanhado de nosso olhar preocupado, empurra o equipamento que monitora o batimento cardíaco. Ultramoderno, o aparelho tem o desfibrilador acoplado. Convenhamos que ter um desfibrilador como imagem inicial não é lá muito estimulante. Ou estimulante demais pra começo de atendimento! Novamente meleca nos eletrodos e acopla tudo. O aparelho tem um alarme: de 161 batimentos por minuto pra cima o "trem" dispara. Bem, daí somos acompanhadas pelo silêncio e pelo alarme, pelo silêncio e pelo alarme... Certo é que foi mais alarme que silêncio.

Chega o médico: você já agachou? Sabe a manobra da respiração? Já tentou? – pergunta ele.

Melhor amiga: doutor, sou especialista em manobras, nada feito.

Bem, diz o doutor, vamos aplicar adenosina para reverter a taquicardia. Não se preocupe, temos 3 tentativas, podemos aplicar três injeções da droga sem risco.

Nossa! Respiramos aliviadas. Eu já estava com o sapatinho, a bolsa e o sobretudo da melhor amiga nas mãos... Olhei pra ela que estava me olhando e sentimos "firmeza"... O soro já estava conectado na veia boa. O enfermeiro se aproxima, o médico se posiciona, injeta a adenosina direto no escalpe. Na sequência, injeção de soro pra impulsionar a chegada da droga ao coração. A melhor amiga sente o calorão e a pressão do remédio correndo pela veia. O aparelho mostra que os batimentos baixam... Pra subir de uma vez só logo em seguida! Primeira tentativa se foi. Sem problema: ainda restam duas.

O médico sai. Volta. Hummmm.... Persistente a taquicardia, hã?! Vamos para a segunda. 

Eu e melhor amiga nos olhamos novamente... Segunda! Tudo de novo: adenosina na veia, injeção de soro pra empurrar, calorão! Taquicardia baixa geral: vai pra 140 bpm. Pra subir de uma vez: 190 bpm... Nadinha! O médico troca um olhar com o enfermeiro, brinca com a melhor amiga: não se preocupe, é sempre assim, na última ela reverte.

O cenário já mudou um pouco: agora é a última. Tenho certeza que a melhor amiga está pensando: "o médico disse que a margem de segurança eram 3 injeções... "

Lá vem a 3ª. Tudo de novo: adenosina, soro, direto pro coração, calorão, baixa e.... Sobe! Bem, que catástrofe acontecerá agora? Ele nos olha calmamente: não se preocupe, agora aplicaremos ancoron vagarosamente na veia durante meia hora e certamente a taquicardia reverte. Bem, pra quem foi de fórmula 1, andar um pouco de carroça serve pra acalmar e curtir a paisagem...

Melhor amiga deitadinha. Lá vem a chefe da enfermaria: gente, vamos ter que desocupar a sala, isso aqui tá cheio hoje... Vamos levar pra UTI: como tem que monitorar, lá tem uma vaga.

Operação locomoção: a chefe Marli e o enfermeiro – um rapaz que masca chiclete compulsivamente – empurram a cama, que desliza com as rodinhas. A melhor amiga segurando nas bordas, com olhar um pouco surpreso. Eu, atrás, com o guarda-roupa da melhor amiga pendurado no ombro, empurrando a mesinha do monitor cardíaco.

Instalada na ala de observação da UTI, me posiciono numa poltrona ao lado da cama e ficamos ali, conversando baixinho, reconhecendo o território e nossos parceiros de percurso. Encostado na cama o monitor cardíaco – agora com o alarme desligado... 170...169...168...167...161...160...165...167...166....170... E o ancoron pinga lentamente...

Nessa ala, separados por biombos, temos: - "puxadinho 1": dona matilde, uma senhora gorda com um problema de obstrução na veia, que espera um cateterismo; - "puxadinho 2": anônima: uma mulher ainda nova, recém-saída da cirurgia para redução de estômago, que pouco se manifesta (ainda está "grogue"); - "puxadinho 3": era a gente; "puxadinho 4": seo valdomiro, sei lá o que ele tinha, mas o oxigênio ficava ligado direto, tosse terrível, com o pé muito inchado, pele vermelha, vermelha, parecia um espanhol enraivecido; - "puxadinho 5": rodrigo: ah! Esse aqui mereceria um tratado próprio; "puxadinho 6": um senhor inconformado com a comida que chegou muito antes dele acordar e esfriou.

1/2 hora se passou... Monitor cardíaco... 160...159...158...157...159...161... Rodrigo, o ocupante do "puxadinho 5": "arnaldo, arnaldo, quero deitar de lado". Ele chamava o enfermeiro. Porém, ficamos sabendo que não havia nenhum arnaldo, tampouco anderson. Mas, mesmo sabendo que os enfermeiros da noite tinham outros nomes, ele insistia em batizar os meninos por ele mesmo. E não havia quem o demovesse desse propósito. Bem, a essa altura, acho que ninguém se importava mais.

O senhor da comida fria, ao lado do rodrigo, visivelmente irritado com a suposta falta de atenção à suas reclamações, sai com essa: "o arnaldo fugiu do hospital com a enfermeira da noite...". Depois rindo sozinho, se calou, como se já tivesse destilado a sua vingança. A chefe de enfermagem responde: "comigo não foi, que estou aqui".

Nós duas, ali, empenhadas em acompanhar os batimentos... Desciam e subiam. Daí baixavam lentamente, lentamente. Sr. Valdomiro agora, no "puxadinho" em frente ao da melhor amiga, comia torradas ruidosamente e sorvia o chá de erva-doce com um estalar de língua. Um barulho um pouco irritante. Mas, quando ele tossia a cena ficava pior. A impressão é que ele engasgaria e não voltaria mais. Coisa que a melhor amiga presenciou à noite, sozinha, na UTI... Mas foi o silêncio – ao invés da tosse – que apavorou: ele não respondia aos chamados, mergulhado num profundo sono. Ao amanhecer, também ele tinha seu próprio monitor cardíaco, além da parafernália de tubos do oxigênio e dos escalpes de soro e medicação.

Dona Matilde recebia visita da família: contava animada que a perna já não doía tanto, que tinha sido corajosa durante o dia no exame que precisou fazer e que estava com muito medo do catéter, que seria inserido pela manhã. Passava ânimo pra família na sua voz rouca... Quando o filho foi embora, um vazio. Dona Matilde ficava dizendo baixinho: "meu deus, me ajude, meu deus, me ajude". A anônima do "puxadinho 2", a da redução de estômago, começava a ter ânsia de vômito, acompanhada da filha e do marido.

Conseguíamos sentir o sufoco. Havia apenas um biombo separando-nos. Nesse momento, o batimento cardíaco da melhor amiga subiu um pouco porque a sensação de fato foi muito ruim. Mas a mulher estava numa tal felicidade, porque certamente iria emagrecer, que contornou o mal-estar rapidinho, logo se refez e a família foi embora. Rodrigo continuava chamando o arnaldo, o anderson, e com o controle remoto da cama não parava de acioná-la: a cama subia, a cama descia, os pés subiam e desciam. E o barulhinho mecânico a cada movimento. Não demorou muito: "anderson, anderson, vem me trocar, estou molhado". Lá vem o enfermeiro Rubens: constata que Rodrigo está completamente molhado e começa a operação "troca tudo": roupa de cama, camisola, fronha, travesseiro. Não conseguimos entender como o Rodrigo se molhou tanto: acho que a movimentação louca da cama acabou espalhando xixi para todos os lados.

Enquanto isso, um problema: o senhor da comida fria acaba de receber o chá da noite. Inconformado chama a chefe de enfermagem. Ela se posiciona ao lado e ouve atentamente: isso não está certo, olha o problema que vocês me criaram – reclama ele; demoraram pra avisar que a comida estava aqui, comi fria e muito tarde, agora na sequência acabo de receber o lanche da noite; como vou comer se acabei de jantar?

A chefe pacientemente explica que ele deveria ter pedido para esquentar. Mas que pode deixar o chá da noite ao seu lado porque a garrafa é térmica e ele poderá se servir quando sentir fome...

Batimento cardíaco da melhor amiga... 140... 139... 138... 137... 139... 138... 137  São 10 e meia da noite. A chefe da enfermagem passa: você vai ficar, não tem jeito, a droga precisa impregnar... Insisto que gostaria de passar a noite. Ela me diz que não é possível e não adiantará nada. Fico ainda um pouco ali. Os enfermeiros da noite passam: lexotan para o senhor da comida fria, lexotan para rodrigo – que não pára de chamar o arnaldo, querendo ficar de lado, querendo saber da dieta que entra pelo nariz, querendo seu controle remoto de volta –, lexotan para o senhor valdomiro da falta de ar, lexotan para a anônima, para a dona matilde. Pouco tempo depois, silêncio... A melhor amiga vai tomar o seu bem mais tarde... Reversão da taquicardia apenas de madrugada, às 5 horas.

Vou pra casa e retorno de manhã. Taquicardia revertida, procedimentos padrão, chá quente na cama com direito a dois pãezinhos com geléia. Melhor amiga cansada tem alta e pode voltar pra casa e para um banho quente. Bpm: 71... 72... 70... 72...

terça-feira, 16 de junho de 2009

deixando ir

Minha casa é muito fria. O sol bate nas paredes até umas duas da tarde mais ou menos. Depois disso, nada de sol. O chão é de cerâmica e quando retorno pra casa à noite, parece que a neve caiu lá fora. Nunca vi neve, mas o frio que sinto me faz imaginar que a sensação térmica deva ser por aí...

Estou entre comprar um aquecedor, mais tapetes, aumentar o número de edredons. Isso pra mim e para a família felina: douglas, khalil e zecabolinha. Para eles já "armei" uma cidade paralela de calor, com direito a colchão no chão, muitas cobertas espalhadas pela casa e esconderijos estrategicamente construídos.

De uns dias pra cá venho organizando minha vida: separando roupas que não uso, revendo papéis, livros, objetos, bijouterias, penduricalhos e afins. Me predispus a: o que serve e uso, fica; o que não uso e não vejo nenhuma utilidade imediata, sai. Estou precisando oxigenar a casa e a vida. 

Bem, na falta de um vinho tinto – que vou providenciar hoje sem falta –, acabei tomando uma Bohemia (completamente inapropriada) para acompanhar a empreitada. Embora tenha avançado pouco ontem, fiquei bem feliz em ver coisas separadas para serem doadas, devolvidas ou simplesmente jogadas.

Depois de um banho quente, já com uma roupa confortável e com um capuccino nas mãos, pedi orientação ao tarô do Osho para o momento presente. Ele me trouxe a carta "Deixando ir"... 

Deixando ir
Na existência não há ninguém que seja superior e ninguém que seja inferior. Uma folha de grama e a grande estrela são absolutamente iguais...

O homem, porém, quer estar acima dos outros, quer conquistar a natureza, e por isso precisa lutar continuamente. Toda complexidade é fruto dessa luta. A pessoa inocente é aquela que renunciou à luta, que não está mais interessada em estar acima, que não está mais interessada em mostrar desempenho, em provar que é alguém especial; é aquela que se tornou semelhante a uma rosa, ou a uma gota de orvalho sobre a folha de lótus; que se tornou parte desta infinidade; aquela que se fundiu, se misturou e se tornou uma coisa só com o oceano, e agora é simplesmente uma onda; é aquela que não tem qualquer ideia do "eu". O desaparecimento do "eu" é a inocência.

Comentário: Nesta imagem de folhas de lótus ao amanhecer podemos ver, pela ondulação da água, que uma gota acabou de cair. É um momento precioso, pungente. Ao render-se à força da gravidade escorregando da folha, a gota perde a sua identidade anterior e junta-se à vastidão da água que está embaixo. Podemos imaginar que ela deve ter vacilado antes de cair, na exata fronteira entre o conhecido e o incognoscível. Tirar esta carta em uma leitura é o reconhecimento de que alguma coisa acabou, de que algo está se completando. Seja o que for – um emprego, um relacionamento, um lar que você amou, qualquer coisa que possa tê-lo ajudado a definir quem você é – é hora de deixar isso para trás, permitindo qualquer tristeza que surja, mas sem tentar se agarrar ao que se completou. Alguma coisa maior está esperando por você: há novas dimensões a serem descobertas. Você ultrapassou o ponto a partir do qual não há volta, e a gravidade está cumprindo a sua função. Não resista: isso significa libertação. (www.osho.com)

 ***

Sem negar a tristeza que ora visita a casa ou a vida, sinto que aos poucos as coisas estão indo... embora.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

mestres

Sábado de manhã o Renato passou em casa. Ele é homeopata e atendeu meus três gatos e a mim. Ele perguntava e nos observava. Enquanto isso, eu me ocupava em retirar um espelho quebrado da sua estrutura de madeira, acocorada no chão da sala, atenta ao que o Renato dizia. Precisava fazer aquilo.

Foi reconfortante ouvir as coisas que o Renato tinha a dizer. Ao acompanhá-lo no final da consulta, fomos andando pela rua até o carro dele. E, continuei o meu caminho.

O sol bom daquela manhã de sábado me impregnou a pele e fui pensando como somos mestres uns dos outros. Há minutos atrás, o Renato tinha sido meu mestre ao mostrar possibilidades, me trazer insights. Os mestres têm se sucedido. Cada um deles vindo para clarear mais um pouco, indicando mais uma peça do enorme quebra-cabeça.

Interessante pensar que existem também os mestres que nos ensinam pelo sofrimento. São pessoas que nos machucam profundamente, mas que impulsionam o contato com a gente mesmo. Talvez nos machuquem pela impossibilidade, porque de fato não poderiam fazer de outra forma. E, talvez tenham vindo pra cumprir exatamente esse papel.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

espiral

Espiral. [Do lat. spirale] S.f. 2. Geom. Qualquer curva gerada por um ponto móvel que gira em torno de um ponto fixo, ao mesmo tempo que dele se afasta ou se aproxima segundo uma lei determinada.

A pessoa que eu amo não é minha. Ela é dela mesmo. Esse é um exercício: entender que o que eu quero não é o que eventualmente eu possa ter. Irrefutável quando envolve pessoas. O que é o amor, afinal? Em que medida ele pode acontecer?

Não sei responder a essa pergunta. Ainda não consigo entender direito isso tudo. Até onde estou interferindo equivocadamente, pedindo coisas que não devo pedir? Até onde a troca é possível? O que eu quero, o que o outro quer, o que dá para querer junto? Não sei...

Só sei que não quero parar de pensar sobre isso e de viver a experiência da relação afetiva. Boa parte das pessoas tem dificuldade em resolver conflitos. Não é nada fácil e me incluo no contingente. Mas, quero continuar tentando. Sei que devagarinho o aprendizado tem vindo. Tá bom, tá ruim, tá bom, tá ruim... Pelo menos tem sido mais rápido entender que preciso deixar ir. Que as coisas ou acabam ou se transformam.

Dói pra caralho! Mas é assim mesmo. 

quarta-feira, 10 de junho de 2009

tristeza

por Cristina Thomé [09/06/2009]

A menina estava ali, sentada no chão, com o vestido sujo. Uma lágrima recém-caída tinha molhado seu rosto. Ela se ocupava mexendo no retrós de linha.

Era o único objeto ao seu alcance. Voltou todo o seu tempo para ele porque a dor que sentia era grande demais. E, se vacilasse, ela a ocuparia inteira. Simplesmente não aguentaria. O choro viria com tudo e, mesmo inocente, sabia que não adiantava chorar mais. Nem ali valia a pena porque o lugar não era nada apropriado.

Continuou fazendo o retrós correr de uma mãozinha pra outra. Queria voltar pra casa logo, tomar um banho quente, colocar uma roupa confortável e limpa e dormir. Achava que uma noite pudesse ajudar, sua cama pudesse ajudar, seu anjo da guarda pudesse ajudar.

terça-feira, 9 de junho de 2009

indiferenças

Droga! Por quê o silêncio dói tanto?  Sinto um vácuo, um aborto, o vazio.

Existe apenas o afastamento! Eu não sei o que se passa, se existe raiva, medo, nojo. Não sei de sentimentos do lado de lá. Apenas silêncio. Uma morte o silêncio. Uma morte sem corpo, sem sentido.

cacos

Tô juntando cacos. Momento necessário! E, assim eu vou. Sinto que estou passando por transformações profundas, já há um certo tempo. E, para mudar tem sido preciso passar por tantas dores... Por mais que aconteçam, não consigo me tornar expert em mosaicos...

Outra vez as coisas estão muito difíceis. Carrego um peso enorme sobre os ombros e uma boa dose de tristeza, de "semgracice". O que preciso é ficar quieta. Movimentar-me apenas nas coisas absolutamente necessárias, que não exijam posicionamentos.  Não quero ferir ninguém, não quero agora que ninguém me machuque.

recusa

Ansiosa
trago o pacote
escondido nas costas

Sorriso aberto
estendo as mãos
eis o presente

Frustrante
o fosco dos olhos
o silêncio falando
que pouco importa

Um incômodo
aquele presente
muito pesado
talvez
um amor inteiro

Rejeitado
deposito o presente
ainda fechado
no escuro
no vaso quebrado