tag:blogger.com,1999:blog-63877552058518022572024-03-29T04:20:30.071-03:00na estrada...Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.comBlogger91125tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-28557683142304140292012-05-14T14:40:00.001-03:002012-05-14T14:52:15.399-03:00travessia<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD9_imaNyE4fpQSds8d-nUu-svaT486GEcFpnUhLFjmrr7G_BhWef5kUdFjlXtGlaVxnVHhBX_Sdgb0jDygacGOgmWEWQR6zXyBPe9KzFvvySRzuyDlQOCAXDQRnl7PUdto8FCE2KmFXAf/s1600/3120197_s.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD9_imaNyE4fpQSds8d-nUu-svaT486GEcFpnUhLFjmrr7G_BhWef5kUdFjlXtGlaVxnVHhBX_Sdgb0jDygacGOgmWEWQR6zXyBPe9KzFvvySRzuyDlQOCAXDQRnl7PUdto8FCE2KmFXAf/s320/3120197_s.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Lembro
de um ano novo, ainda criança, em que eu abri a porta que dava para a frente da
casa. Olhando o portão de ferro e a chuva que caía, escutava o silêncio.
Ninguém na rua, todos em casa dormiam. Eu ali, em pé, com a mão na maçaneta, a
porta entreaberta, o portão de ferro, a chuva e a minha tristeza gigantesca. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Jesus!
Como me sentia arremessada naquele espaço, no corpo que eu vestia. Um completo
desajustamento, inadequação total, um extra-terrestre em terreno desconhecido. Uma
completa falta de laços com a família que ali dentro dormia, com as pessoas ao
meu redor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O
sentimento de culpa era enorme. Mas culpada de quê? Uma melancolia tremenda. Sentia que se pudesse estar a milhões de anos-luz daquele lugar, já teria ido
há tempos. Queria fugir daquela vida, sair daquele corpo, voar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Falar
era um esforço absurdo, me relacionar era pesado demais. Naquela noite, como em
todos os anos anteriores a ela, sentia saudade de um lugar que sequer sabia.
Uma saudade perdida no tempo, um vislumbre de lugar ao qual talvez eu
pertencesse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Os
anos foram passando. Fui driblando a vida como dava,
como dá. É difícil me relacionar com o outro. Quero silêncio, calma. A relação com o outro continua me trazendo peso, desconforto. Pelo menos a minha cabeça fala menos do que falava no passado. O som de milhares de vozes se
reduziu a dúzias, que procuro coordenar e consigo, hoje, colocá-las em fila com
senha, para que falem de maneira ordenada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Quando
lido com vários estímulos externos, basicamente pessoais, me sinto exausta. Os
profissionais são administráveis e relativamente simples. No trabalho consigo
resolver os desafios com objetividade e extrema eficácia. Pessoas são
problemas. Eu e elas, cobranças, presunção de
que me conhecem, de que as conheço, muito mais problemas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O
desafio é lidar com isso da melhor maneira possível. Ouvidos bem grandes para
me ouvir adequadamente, olhos bem grandes para ver na escuridão e um amor bem
gigante para me aceitar e dar passos conscientes nesta casa que não era minha,
mas se tornou. Acredito que a meditação e o profundo respeito por mim dêem
conta da travessia, além de boa dose de resignação e resiliência. </span><o:p></o:p></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-8722837632582886912011-10-17T16:00:00.008-02:002011-10-18T12:02:16.226-02:00trem<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-vQ8ODTcc7X_XNyouqFr45v2t8J8VvaGXGapwlWLAA7HDRqj8-SRwzThdW896CtSTCVcpCKHGTFkSfAx7NShyvBaP7PLs2TeH7h6HK4P28rrOD-320AEs-igADX_r1rSViwp7aSRCIj_O/s1600/8476174_s.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-vQ8ODTcc7X_XNyouqFr45v2t8J8VvaGXGapwlWLAA7HDRqj8-SRwzThdW896CtSTCVcpCKHGTFkSfAx7NShyvBaP7PLs2TeH7h6HK4P28rrOD-320AEs-igADX_r1rSViwp7aSRCIj_O/s320/8476174_s.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5664524187622599842" /></a><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Há tempos não apareço por aqui. Hoje estou muito cansada fisicamente. Saí de um período intenso de trabalho e parece que usei toda a minha energia para isso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Estou me sentindo vazia, esgotada. Mas não estou triste ou naqueles períodos em que a depressão bate à porta. Estou apenas cansada.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O tempo, como sempre, tem voado. Os anos têm se amontoado rapidamente. É como se estivesse num trem veloz, sentada com os olhos colados na paisagem, que muda muito ligeira. Muda o dia, a noite, o frio, a cara das pessoas. Este trem não para, não existe estação alguma como destino final. Ele apenas segue.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Douglas, meu gato, está com 11 anos. Não vejo nele sinais evidentes de velhice. Ele mudou de outra forma. Mais meigo, mais calmo, ele se aninha na coberta em meu colo no banco do trem que não para. Apenas segue comigo. Não pergunta, não quer saber. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Fecha e abre seus olhos com ternura, dorme um pouco, e me acompanha. Não importa para onde. Seguimos viagem da melhor maneira possível. </div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-33764339633740009552011-01-24T11:20:00.003-02:002011-01-24T11:29:26.810-02:00involuntária<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsefl5AqjN3fYmW4eThaRYPdBUVzqVoyYUWvJDNBtioxavJZ38SJZwj3xPxEtMbiTCCFLa-bPpwvsqHvLvAQNrHGY0BaOPvS9gLfdVirGodZnpHYJjRUXsAjibFmb4K6h_RTAwyZ-8NeRD/s1600/involunt%25C3%25A1ria.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 303px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsefl5AqjN3fYmW4eThaRYPdBUVzqVoyYUWvJDNBtioxavJZ38SJZwj3xPxEtMbiTCCFLa-bPpwvsqHvLvAQNrHGY0BaOPvS9gLfdVirGodZnpHYJjRUXsAjibFmb4K6h_RTAwyZ-8NeRD/s320/involunt%25C3%25A1ria.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565743936954112594" /></a><br /><div>um dia, outro dia, mais outro dia... e essa coisa chamada vida vai acontecendo.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-89724362109558405082010-10-30T18:02:00.009-02:002011-04-22T13:37:14.939-03:00um<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiEmq3yUp8Q1Y-6cwElgtcqlp1Ipt5dD8a75LpsarnTsa6_Gr6eWoYZlHFOYWnkR-NV9R6MxBts-s03D8sQrx64ZipwHIQapP9BA26BOnhbip93Lkke2PWH8KHBVsRiKCKOFpMEdumCEDO/s1600/um.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiEmq3yUp8Q1Y-6cwElgtcqlp1Ipt5dD8a75LpsarnTsa6_Gr6eWoYZlHFOYWnkR-NV9R6MxBts-s03D8sQrx64ZipwHIQapP9BA26BOnhbip93Lkke2PWH8KHBVsRiKCKOFpMEdumCEDO/s320/um.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5533936894780588066" /></a><br /><div>Por Cristina Thomé<br /><div><br /></div>No livro de arte sobre a mesa há a imagem de um menino, que observa. Olhos voltados para o canto esquerdo, mantém-se isolado. O tempo paira alheio, o mundo suspenso ao redor.<div><br /></div><div>A pintura renascentista do menino captura o único, o olhar absorto congelado por outro ser que o registra. Quem era o menino? Sua identidade o tempo roubou, sua alma misturada e voluntariosa perambula por aí. </div><div><br /></div><div>Somos um, na embolada história de existir. A despeito de generalidades, o espírito não se comprime, não se amalgama.</div></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-90297264223598961322010-10-27T08:04:00.017-02:002010-11-04T09:40:26.776-02:00francisco<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnp76XyPNQvrzq4a_jq-_UpABm0XHbuoW2ewE7Ig_aXFDhLLDeHXMxKdg9nEhjcRHa1FWMFr-wy_ik0EQS2b6p3luu9l_njUu7CM0eaBwnI6t7gbGLJo4aJE7ZXcJTPf878xSbj5bLDrkV/s1600/solidaoinundando.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnp76XyPNQvrzq4a_jq-_UpABm0XHbuoW2ewE7Ig_aXFDhLLDeHXMxKdg9nEhjcRHa1FWMFr-wy_ik0EQS2b6p3luu9l_njUu7CM0eaBwnI6t7gbGLJo4aJE7ZXcJTPf878xSbj5bLDrkV/s320/solidaoinundando.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5532675531657055122" /></a><br /><div style="text-align: left;">Por Cristina Thomé</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: left;">Há um Francisco que me acompanha desde a adolescência. Distanciados um do outro, ele aparecia vez em quando em forma de carta, trazendo um pouco de si. Entre tantas coisas, lembro-me de como se sentiu pequeno ao presenciar um vilarejo ser inundado no sertão. A água que subia inundava a ele próprio com a solidão daquele lugar.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Presença sutil, Francisco continua a me acompanhar de longe. Pelo pouco que também sei, continuo acompanhando-o daqui. Não sei exatamente do que Francisco gosta, exceto seu time de coração. De minha parte, amo Elvis Presley, Willie Nelson, tempo de chuva, a chuva, sorvete de creme, andar descalça, simplicidade, ficar quieta, paz...</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Francisco me diz que é triste o que escrevo. Diria a ele que é morno, com gosto de domingo à tarde, de brisa tépida, bebendo vinho sob as árvores no sítio de minha infância. O que talvez eu sentisse sendo adulta na minha criança. Um deixar-me ficar, sem pressa.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">De Francisco, continuo guardando o olhar profundo e interessado. Sei que ele tem pessoas que ama, muito. Sou grata pela delicadeza de sua presença.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-48058552346059730192010-05-10T12:02:00.002-03:002010-05-10T12:32:09.557-03:00onegin<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj141u3Dud9JUH-veASLYtseSNwae_jp34Au5BfvRLvaxNT-OAMxSRwa11-ipch6uGG-UwNQZUtThn-cMcXyXH0fS2-sRMCLXnW7Fn_0LLuh2mtovjBQ1uYdsGQjLqqCDeSrrlcRw_dyxoH/s1600/onegin.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj141u3Dud9JUH-veASLYtseSNwae_jp34Au5BfvRLvaxNT-OAMxSRwa11-ipch6uGG-UwNQZUtThn-cMcXyXH0fS2-sRMCLXnW7Fn_0LLuh2mtovjBQ1uYdsGQjLqqCDeSrrlcRw_dyxoH/s320/onegin.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5469664522485420514" /></a><div>Por Cristina Thomé</div><div><br /></div><div>Novamente assisti "Onegin". É a quinta ou sexta vez que o vejo e me emociono profundamente. Talvez mais a cada nova vez porque se tornam familiares os movimentos contidos, a sutileza que brota daquilo que silencia.</div><div><br /></div><div>Há a beleza exata e assustadoramente singela de Liv Tyler. A perdição nos olhos tristes de Ralph Fiennes. Pelo filme paira a melancolia da impossibilidade, do tempo fora de sincronia.</div><div><br /></div><div>A poesia impregna o gelo, o branco da paisagem. Nada mais apropriado para simbolizar a distância fria que o tempo pode cavar. E tudo circunstancial. Não há culpados para a falta de conexão.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-53863745404220071132010-04-19T10:41:00.008-03:002010-05-10T11:41:27.551-03:00nascer<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvqZe9SxphHk3osaq_qAlDqr35lsn0uB_8DRzu1MLxtff0DZBJvRcMSJ62S-tzbh1U5Onu7sVQOeW_po82CgikEt6d0lzvATTPFbbkdwVHOc5_4c4skHQflNLjRPNKUmhJr9GkUbMqlgvE/s1600/rec%C3%A9m-nascido.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 288px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvqZe9SxphHk3osaq_qAlDqr35lsn0uB_8DRzu1MLxtff0DZBJvRcMSJ62S-tzbh1U5Onu7sVQOeW_po82CgikEt6d0lzvATTPFbbkdwVHOc5_4c4skHQflNLjRPNKUmhJr9GkUbMqlgvE/s320/rec%C3%A9m-nascido.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5461843630873731538" /></a>por Cristina Thomé<div><br />O anjo recém-nascido dança na sala da manhã. Grande já, ele nasceu. Na janela, o mar dança com o anjo que dança na sala da manhã.<div><br /></div><div>Ele nasceu para me ver. Agachada, quietinha, choro baixo. Meus olhos acompanham o anjo da manhã na sala de maresia.</div></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-12309253453589616012010-04-19T10:36:00.009-03:002010-06-18T19:04:49.446-03:00perde-se<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdGbqrovxXqV7692EhfSVXnuEFSURhMyTLWUDNM3vZ_fHL-fj-vv5hlBbdX17rQAzJ9U1tgvlDyRvUrOjcaavsT2ejSZ2XLVg4gndz7Xpz-uix_Os3QP9uEMn2j41LIRZird1xmVRI7kEa/s1600/perde-se.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdGbqrovxXqV7692EhfSVXnuEFSURhMyTLWUDNM3vZ_fHL-fj-vv5hlBbdX17rQAzJ9U1tgvlDyRvUrOjcaavsT2ejSZ2XLVg4gndz7Xpz-uix_Os3QP9uEMn2j41LIRZird1xmVRI7kEa/s320/perde-se.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5461842032906540994" border="0" /></a>por Cristina Thomé<div><br /><div>Você não quer ouvir. Meus pés cansados já me carregaram o suficiente para que eu repita com veemência como é fundo o que sinto. Não adianta, eu sei.<div><br /></div><div>A poeira cobriu nossa história. O vento não a trará mais à tona. Ele gira e gira e gira vagarosamente atrás de lembranças. Há no final da estrada um sol poente. Nuvens alaranjadas na lente dos óculos escuros.</div><div><br /></div><div>Nada há mais aqui que você reconheça, exceto o que você não quer ouvir.</div></div></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-76076008610518166442010-04-19T10:16:00.006-03:002010-06-18T19:06:34.485-03:00lugar algum<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuTPXzIFWV2fUisLWQbJPk1h0zZ-S8GTDH5tdpXgjIp-KDn9I5qHSd-6aYjoJc3OnvStkShTVs6AZzstT4cbhtskTq_pVPgOHvQkpOzgRU4UrSI0jdYLVl4xGVOhBLpn5hlbILPd1en3iV/s1600/nada+de+falar.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 210px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuTPXzIFWV2fUisLWQbJPk1h0zZ-S8GTDH5tdpXgjIp-KDn9I5qHSd-6aYjoJc3OnvStkShTVs6AZzstT4cbhtskTq_pVPgOHvQkpOzgRU4UrSI0jdYLVl4xGVOhBLpn5hlbILPd1en3iV/s320/nada+de+falar.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5461841376334812562" border="0" /></a><div>por Cristina Thomé<br /></div><div><br /></div><div>O que mais falar? Pare. De perder tempo. Pare de se perder. Meta nessa cabeça estúpida que há algo bom para se manter nadando.</div><div><br /></div><div>Esqueça a margem. Você não chegará a margem alguma. Abandone-se na água, vire lodo, vire peixe, cachoeira, caia sobre as pedras. Deixe-se levar, entregue-se, vire mar.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-19103792056117907822010-04-17T12:00:00.009-03:002010-11-02T12:09:47.647-02:00[...]<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIVU6hATQg_EXCKgeuAQ_ZMPTV-D89l51roUtduFg7hOeO4-VEoRQtVciNOp0gC7hGZitDRGACVZhkDAWTb5R8X-szbotIp5IEHAdpX2rJQpyo0nR94hZWMiTRfNFceI3QEfD5gUr6OVRf/s1600/1265615_12390784.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 263px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIVU6hATQg_EXCKgeuAQ_ZMPTV-D89l51roUtduFg7hOeO4-VEoRQtVciNOp0gC7hGZitDRGACVZhkDAWTb5R8X-szbotIp5IEHAdpX2rJQpyo0nR94hZWMiTRfNFceI3QEfD5gUr6OVRf/s320/1265615_12390784.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5461132050568823042" /></a><div>por Cristina Thomé<br /></div><div><br /></div><div>Como rio caudaloso, calmo e constante, o tempo passa. Mal damos conta de que ele segue alheio, exceto à sua obstinada necessidade de continuar. Penso que existem dois tempos: há o de natureza cíclica, que recomeça a cada vida que surge. E, há o tempo onipotente e solitário, senhor de todos os outros que seguem a vida dos indivíduos.<br /></div><div><br /></div><div>Quando jovens, a força que nos habita gera movimentos essenciais para a renovação. Sua natureza é de ruptura. Então, o tempo continua agindo e nos faz diferentes. A complacência nos ocupa e uma nostalgia estranha passa a conviver conosco. À medida que o tempo abre suas asas densas, mais e mais o silêncio se instaura. Há mais em contemplar. O simbólico se expande, a profundidade se instala.</div><div><br /></div><div>Forças propulsoras irrompem em novas vidas. Outras tantas se transformam e aceitam o fluxo. Não se trata de resignação. É outra coisa, mas ainda não sei o nome.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-73845926876824053792010-04-05T12:01:00.004-03:002010-04-19T10:46:33.459-03:00escape<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-X_vbeMDbSM8dahiXqVbzQIKFEs2IbA7PE9CJkHhQz0mNnI1VwLb16rvvOD8pKi2mC18g2EJ8hoPDdaekjFENtEryU5HFKrzL1OwV3p1XE-6bMb-28cl5dMxuCmQg3y6w5Qd0mwnaluZs/s1600/233164_4132.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-X_vbeMDbSM8dahiXqVbzQIKFEs2IbA7PE9CJkHhQz0mNnI1VwLb16rvvOD8pKi2mC18g2EJ8hoPDdaekjFENtEryU5HFKrzL1OwV3p1XE-6bMb-28cl5dMxuCmQg3y6w5Qd0mwnaluZs/s320/233164_4132.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5456672682205140722" /></a>por Cristina Thomé<div><br /><div>Quando sorrio ninguém diz que as coisas estão complicadas. Estava pensando nisso pela manhã. Faz frio e gosto de sentar no banco da praça perto de casa. Sinto-me confortável com o suéter de lã e o cigarro entre os dedos. Depois de uma longa tragada, cubro a paisagem com uma nuvem de fumaça vinda direto dos pulmões.<br /></div><div><br /></div><div>Me abandono no momento calmo, na trégua comigo mesmo. Venho me adaptando bem, desde a última internação. Tenho medo de me descontrolar novamente. Por cautela, tenho usado de minhas táticas: o sorriso, um verdadeiro calmante social – mesmo quando o fluxo de pensamentos é contínuo e estonteante, uma viagem ruim. E, ultimamente, falo pouco. Um dia sucede o outro. Quem sabe eu consiga não voltar para lá.</div></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-32918128978981142222010-04-05T11:46:00.004-03:002010-04-19T10:46:14.112-03:00despertar<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2jjDbV7dqmZ_IQyL3Ktoz4LTyh9fcRpgaYMrphLKqtGNGOzvNrQiaP6xgFzvOULiPzTG741amDTFFBWximgEm7fD1DHoUbNHx-PFzDeX2BF1tPV2hIYhThHC99XBQRO03d29NMOFp5fZV/s1600/1196941_41439845.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2jjDbV7dqmZ_IQyL3Ktoz4LTyh9fcRpgaYMrphLKqtGNGOzvNrQiaP6xgFzvOULiPzTG741amDTFFBWximgEm7fD1DHoUbNHx-PFzDeX2BF1tPV2hIYhThHC99XBQRO03d29NMOFp5fZV/s320/1196941_41439845.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5456666626307962818" /></a><div>por Cristina Thomé</div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(51, 51, 51); font-size: 13px; line-height: 20px;"><br /></span></div><div>O som insistente e abafado. É o despertador do tempo que me tira do torpor. Passaram-se meses, acordo para o ordinário cotidiano. Toda vez retorno para ele, que me recebe com o mesmo silencioso sorriso cínico. Retomarei a busca de sentido.<br /></div><div><br /></div><div>A incógnita é: para quê? Tateio no escuro, a cegueira me orienta no labirinto. Dou voltas e o mesmo som me acompanha, o cheiro familiar remonta histórias. Sinto canseira, o corpo dói. Porém, não tenho escolha. Preciso caminhar, outra vez. Até que o sono generoso me alcance, outra vez.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-21143029478931530732009-09-28T09:01:00.009-03:002010-02-23T17:09:56.944-03:00mãe morta<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAy7H09xIYBgAW15BA7aOi2HKkD153wME_loii6fgOu8wh4ibr3MgYNASOf1Zd-Fj51HGMEg5gP884zFt3JuzDbQuEcNXVGC_LqiH7Pengo9HiUjTuNf8KXVEKo6DLK5yxvg3Abiz87-42/s1600-h/m%C3%A3e+morta.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 242px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAy7H09xIYBgAW15BA7aOi2HKkD153wME_loii6fgOu8wh4ibr3MgYNASOf1Zd-Fj51HGMEg5gP884zFt3JuzDbQuEcNXVGC_LqiH7Pengo9HiUjTuNf8KXVEKo6DLK5yxvg3Abiz87-42/s320/m%C3%A3e+morta.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5386493433848124578" border="0" /></a><br /><div>por Cristina Thomé<br /></div><div><br /></div><div>Meu pai matou minha mãe pela manhã. Era outono e foram trinta facadas frenéticas, desferidas com muita força. Na vitrola laranja, Willie Nelson sustentou sua voz rouca até a agulha chegar ao fim.</div><div><br /></div><div>Tatuados em minha memória ficaram o sol dourado crescendo na vidraça, o cheiro de torrada e o corpo morto de minha mãe.</div><div><br /></div><div>Acordei com os gritos e me desvencilhei das cobertas como pude. Ao chegar na cozinha, paralisei. Literalmente. Com a faca suspensa, meu pai olhou pra mim. Também ele, uma estátua. Seus dedos afrouxaram, a faca caiu sobre a poça de sangue.</div><div><br /></div><div>Levantou-se. Já na varanda, sentou-se na escada, apalpou o bolso da camisa, tirou um cigarro. Acendeu. A outra mão, cujo cotovelo estava sobre a perna, apoiava sua cabeça. Ao terminar, jogou a bituca no chão e começou a caminhar. Suas costas se distanciaram de mim. Nunca mais o vi.</div><div><br /></div><div>Ficamos eu e minha mãe. Permaneci paralisada. Enfim, despenquei no chão. Cada pedaço meu se dissolveu num choro convulsivo.</div><div><br /></div><div>Acordei com o rosto comprimido no chão frio da cozinha. Abri os olhos e vi os pés descalços e ensanguentados de minha mãe. Meu corpo doía. Abri o armário e distribuí feijão sobre a mesa. Precisava separar a sujeira do feijão.</div><div><br /></div><div>Meus pés estavam com sangue. Eu podia ver a boneca de pano sem o olho direito jogada no chão da sala. Eu tinha seis anos e a certeza de não ter mais pai. Ele fora embora. Éramos eu e minha mãe.</div><div><br /></div><div>Demoraram dois dias para nos encontrar. As marcas vermelhas de meus pés pequenos ficaram pela casa. Escolhi todo o feijão que tínhamos, assim como o arroz. A meu modo, organizei as gavetas e também a camisola branca empapada de sangue coagulado de minha mãe.</div><div><br /></div><div>Coloquei margaridas de plástico nos cabelos de minha mãe morta. O que fazer com uma mãe morta? Eu não sabia. Dois dias depois me levaram dali.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-22471529116777887092009-09-20T11:19:00.023-03:002010-02-23T16:58:13.211-03:00sangria<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwqtuUnjia07AQO_Q2jfqnF5yKpj3_yY2O0PXok4zux8aiVL5a7_S5uSiMudHzMS9KivySrLRPVceDWAYaeDMtGTXoCgK1qztZgevbocjJXaJ5ZZuoZm1yLTlxr6hi6x51G-DP8HnM2QPJ/s1600-h/sangria.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 169px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwqtuUnjia07AQO_Q2jfqnF5yKpj3_yY2O0PXok4zux8aiVL5a7_S5uSiMudHzMS9KivySrLRPVceDWAYaeDMtGTXoCgK1qztZgevbocjJXaJ5ZZuoZm1yLTlxr6hi6x51G-DP8HnM2QPJ/s320/sangria.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5383574811909624370" /></a><div><br /></div><div>Até o dicionário traz o adjetivo "incomodada" como sinônimo de "menstruada". Com o tempo, a gente se acostuma. Bem, a gente se acostuma com tudo mesmo: guerra, barulho, vizinho chato, dor nas costas, cabelo que não ajeita.</div><div><br /></div><div>Menstruei pela primeira vez aos 13 anos. Lá se vão 28 anos de sangria mensal regular. Exceto períodos de ausência provocados pelo uso ininterrupto de anticoncepcional. </div><div><br /></div><div>A primeira vez – assim como muitas outras que viriam pela frente – foi um horror! Me senti péssima, exposta e com dores. Precisei colocar aquela coisa estranha chamada absorvente higiênico. Caminhava com a graciosidade de uma pata. Por aqueles tempos não existiam tantas opções quanto hoje. Não posso reclamar porque pouco antes a única disponibilidade no mercado eram os eficientes "paninhos higiênicos".</div><div><br /></div><div>Bem, a minha enorme "almofada" íntima (sem abas! olha que precariedade...) se juntou ao meu primeiro sutiã – azul! Parecia a própria Joana D'Arc na armadura, seguindo para minha guerra santa particular! No caso, a aula de educação física. Se minha situação estava ruim, certamente poderia piorar.</div><div><br /></div><div>Imagine a minha agilidade olímpica com tantas coisas para administrar: um sutiã recém adquirido e uma "almofada" recebendo golfadas intermitentes de sangue em pleno exercício de vôlei. O short do uniforme era vermelho (aqui, eu saía ganhando)... mas a saia era estupidamente branca, alvejada com anil.</div><div><br /></div><div>Menstruar pela primeira vez, naquela época, deveria merecer um decreto sigiloso de feriado ou um período sabático de adaptação. Mas, não! Éramos lançadas à dura realidade, quase que desprovidas de armas.</div><div><br /></div><div>Tantos anos se passaram e o embate serenou, mas o inimigo não dá trégua mesmo numa guerra diplomática. Como fêmea, sou detentora de um aparelho reprodutor e um par de seios que, pela lógica fria da natureza, serve para alimentar um filhote. Não tenho filhotes! Mas a natureza não permite opcionais. Normalmente o pacote vem completo e sem direito à troca ou devolução. E o funcionamento dessa máquina prevê que quando não sou fecundada, é papel de meu organismo expelir todo o preparo mensal que seria destinado a alimentar o princípio da vida. Aí, o <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">script</span> da menstruação. </div><div><br /></div><div>No ano passado, numa ultrassonografia intravaginal de rotina, o profissional responsável por operar a "pistola" leitora de útero e afins, consegue ver poesia onde eu apenas via sombras e escuros no monitor de TV: <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">"olha! nossa! você está ovulando... que lindo! esse mês é vez de seu ovário esquerdo liberar o óvulo... ele está quase se despregando... olha!"</span> Ele tentava me mostrar o óvulo maduro quase se despregando do folículo. <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">Vai!</span> Dei um desconto porque ele realmente estava empolgado... A posição era muito incômoda – deitada numa espécie de maca, com as pernas abertas, tendo a pistola encapada numa camisinha dentro da minha vagina – e pra me livrar daquilo mais rapidamente, me empenhei em ver o que ele me mostrava. Fiz um exercício de desprendimento e me imaginei em férias no Caribe! Na verdade, se pudesse teria enfiado todos os meus dedos no pescoço do operador da "pistola" e estrangulado-o vagarosamente e com toda a minha força. Mas, sublimei, respirei fundo e entrei no sarau.</div><div><br /></div><div>Consegui finalmente ver meu óvulo no monitor. A bem da verdade, uma manchinha na tela. Mas era redondinha, então me contentei em imaginar que aquele borrão fosse o milagre da natureza se manifestando... Passei meses contando: <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">"este mês, o óvulo vem do ovário direito; ah! agora é o ovário esquerdo..." </span>Parece até que sentia uma pontada especial daquele lado. Resultado: me atrapalhei, perdi a conta dos lados e hoje já não sei de qual lado sai o quê...</div><div><br /></div><div>Esse poeta da ultrassonografia intravaginal provocou em mim um raciocínio estranho: todo mês elimino um filho em potencial. É claro que o ser não existe porque falta a sua "cara metade", o espermatozóide. Mas, se nós, fêmeas, já nascemos com um número finito de óvulos, significa que "queimo cartucho" todo mês. Pesquisando agora sobre essa história de já termos uma quantidade predeterminada de óvulos, li que as meninas nascem com cerca de 100.000 óvulos imaturos. Todo mês, um deles amadurece e, caso não seja fecundado, é eliminado. Se essa informação estiver correta, tenho óvulo imaturo pra caramba dentro de mim... Em 28 anos, eliminei apenas 336. Pra fechar a conta, restam ainda 99.664 óvulos em meus ovários. Se esses cálculos estiverem certos – considerando que perco 1 por mês – precisaria viver mais 8.305 anos pra dar conta de gastar todos. A natureza realmente não dá folga!</div><div><br /></div><div>Deixando o exercício filosófico de lado, é bom que nós, mulheres, tenhamos uma caderneta básica com o calendário das últimas menstruações. Isso para saber quando a próxima sangria acontecerá. A conta é besta de simples para quem tem um ciclo regular como o meu. Mas, há meses "chutei" as anotações. Consequentemente estava vivendo na imprevisibilidade. Esta semana sonhei com o Centro Espírita. Estava numa palestra e menstruei, desprovida de qualquer proteção. No sonho, minha roupa ficou toda manchada. Consegui me arrumar, arranjei um "modess" sei lá com quem. Depois disso, no sonho, ainda fui num bar lindo do Paulo Betti (o ator), que me ofereceu coquetéis deliciosos...</div><div><br /></div><div>Pela manhã, ao acordar da epopéia onírica, percebo o desastre: estava realmente menstruada. Como perdi as contas do período, fiquei à inteira disposição do inimigo. Depois de 28 anos, a gente se acostuma e ajeita tudo como se fosse um assassino profissional, eliminando qualquer sinal de que algum sangue tenha se perdido por aquelas paragens (aliás, o termo técnico não seria exatamente sangue, mas a liquefação do meu endométrio – o que, pra mim, em termos práticos dá no mesmo: viscosidade de sangue, cor de sangue... tipo bem parecido com sangue). Me lembrei do filme "Pulp Fiction", em que o ator Harvey Keitel faz o papel do "faxineiro", ele é o profissional que limpa todos os vestígios da cena do crime – queima roupas, aplica produtos de limpeza para eliminar o sangue, descarta o corpo... – e, depois do serviço feito, ninguém diz que ali houve uma morte.</div><div><br /></div><div>Bem, com minhas anotações atualizadas, me coloco na trincheira e aguardo a visita do inimigo vermelho para o mês que vem.</div><div><br /></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-47004878871146426712009-09-09T13:50:00.008-03:002009-09-09T17:01:38.125-03:00pouco mais à frente<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPM6nlmmWkwoHdPirbOmkab6mKHdAkwV_NyfdvjRoiqXWDSHNNYxR3HN-2_3NtlqM6GDFaYc-5QygtiKPhkbeYj7Qr4ZgxrXptAtE0WdfN-jDEdUQu2uoYBD3V1BDzg4U0BoJbvarxqH5d/s1600-h/caminhando.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 202px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPM6nlmmWkwoHdPirbOmkab6mKHdAkwV_NyfdvjRoiqXWDSHNNYxR3HN-2_3NtlqM6GDFaYc-5QygtiKPhkbeYj7Qr4ZgxrXptAtE0WdfN-jDEdUQu2uoYBD3V1BDzg4U0BoJbvarxqH5d/s320/caminhando.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5379511310101819410" border="0" /></a><br />– Dona Ana, o tempo não vai mudar.<br />– Mudará sim, Tião. Sou um barômetro desde criança.<br />– Quem sou eu para contrariá-la, Dona Ana. A senhora sempre acerta...<br /><br />***<br /><br />Cortei meu cabelo há alguns dias. Está novamente curto, igual a tantos outros momentos de renovação. Sinto-me bem.<br /><br />Cabelo curto, cara limpa, alma leve. Levo a mim pela mão outra vez. Vagarosamente absorvo mais uma experiência. Abandono pela estrada a mágoa e a raiva.<br /><br />Fico satisfeita em não colocar coisas embaixo do tapete. Demora um pouco mais encarar de frente. Só que aí, quando o que precisa ser digerido é digerido, tudo fica melhor.<br /><br />Gostaria de viver muito. Queria mesmo ficar velhinha. Tenho tanta admiração pelas pessoas que acumulam e amadurecem suas histórias. Porém se a vida levar logo, irei bem. Sinto hoje coisas que jamais pensei sentir. Isso já é muito mais do que supunha alcançar.<br /><br />Ouço sino dos ventos na vizinhança. Há prenúncio de chuva no céu escuro. Se ela vier, dormirei com minha velha conhecida, minha ama de leite.<br /><br />***<br /><br />– A chuva vem, Tião. Confie em mim.<br />– Eu confio, Dona Ana.Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-91019063859121832192009-08-31T22:08:00.020-03:002010-02-23T17:20:35.970-03:00gelo<span style="font-size:100%;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoopKSE6DEYc2TNorDT45eeM3LfsZz1mmtFNSMjLcPC2hbmPUzoUN-8Jm4oJxU6qMN73h_VtIFLYnUNcjSp_yGDV-Q9Mc1CI8dW-8YzNAt0M7poBqFkdRqY_5fECaKFJLK1ulbts8k8SPL/s1600-h/gelo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 232px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoopKSE6DEYc2TNorDT45eeM3LfsZz1mmtFNSMjLcPC2hbmPUzoUN-8Jm4oJxU6qMN73h_VtIFLYnUNcjSp_yGDV-Q9Mc1CI8dW-8YzNAt0M7poBqFkdRqY_5fECaKFJLK1ulbts8k8SPL/s320/gelo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5376299865881516082" border="0" /></a><br /></span><span style="font-size:100%;">por Cristina Thomé<br /><br />A camada espessa de gelo isola do mundo. Tudo se confunde. </span><span style="font-size:100%;">Acima,</span><span style="font-size:100%;"> o riso mudo nas faces congeladas. O isolamento é cruel. O riso congelado é cruel.<br /><br />"São os riscos que se corre", diz a voz abafada em meus ouvidos submersos. Há riscos em tudo, meu bem. De que riscos você fala? Eu falo de doença. Existem pessoas doentes pisando sobre nós. </span><div><br /></div><div><span style="font-size:100%;">Permaneço abaixo do gelo. Com as mãos sangrando bato violentamente, quero me libertar. Cansada, me entrego. O afogamento. A água invade meus pulmões, o corpo inteiro. O que está inerte cede. Meu corpo cai, profundo. Vou para o nada, para a conhecida suspensão. Também eu preciso me curar.</span></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-59381584232757474932009-08-16T18:24:00.010-03:002010-02-23T17:25:47.408-03:00não existe<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPJy4-VmjzYzeezjLrQ3tHVgktHtHlEm7pzgO9wCHJO7whI9uA36pkhiQINRYgiKchFuH37bvFu0Uh1SbOY_KFEEIUMigYl_bmHtglPtOk2LrMySuLKCXEVi_VGAQc4Ru3LLEHySCT6qO8/s1600-h/n%C3%A3o+existe.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 232px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPJy4-VmjzYzeezjLrQ3tHVgktHtHlEm7pzgO9wCHJO7whI9uA36pkhiQINRYgiKchFuH37bvFu0Uh1SbOY_KFEEIUMigYl_bmHtglPtOk2LrMySuLKCXEVi_VGAQc4Ru3LLEHySCT6qO8/s320/n%C3%A3o+existe.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370675950446971682" border="0" /></a><br /><div>Felicidade não existe. É uma ilusão que o tempo leva. Talvez exista paz. Essa eu continuo procurando. Não quero perder a fé na paz. Simplesmente porque não existiria mais nada a procurar.</div><div><br /></div><div>Paz é a possibilidade de rir um pouco dessa coisa estranha que é viver, aceitar que a vida flui nos detalhes. Não existe nada de fora que vá causar impacto positivo se as coisas não estiverem minimamente ajeitadas dentro da gente.</div><div><br /></div><div>Interessar-se pela vida, um dia após o outro, não é tarefa simples. Definitivamente não é. Em especial para as pessoas que olham além da superfície.</div><div><br /></div><div>O que se vê é mais profundo. Existem momentos em que as coisas perdem o sentido. Mas a paz resgata o simples que é estar vivo. Ainda bem que os anos amaciam a carne e o espírito, no embate com a realidade.</div><div><br /></div><div>O que fica é uma nostalgia, uma espécie de alegria triste. Rir é algo que me faz muitíssimo bem, faz bem pra minha alma. Porque nela o que vai mesmo é a sensação de que algo se perdeu. Não sei o quê, nem sei onde. Final das contas, feliz pode ser quem vive em paz, não importa se alegre ou triste.</div><div><br /></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-52130148123011733282009-08-06T22:55:00.009-03:002009-09-25T11:13:05.518-03:00cantiga d'água<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEnmbsTkpV2KK22Cbn7IDtfzc_fr4jThf1TWXuqrzl3JysVInYTWMhht10PZ7w6j90a_yi2hJHLrQnJ96njmewYdWw61-XRRDKxpaXgFVvooNsIudj4IXy0hn_0EHswry5b-fHQDNIDFW-/s1600-h/cantiga(3).jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 170px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEnmbsTkpV2KK22Cbn7IDtfzc_fr4jThf1TWXuqrzl3JysVInYTWMhht10PZ7w6j90a_yi2hJHLrQnJ96njmewYdWw61-XRRDKxpaXgFVvooNsIudj4IXy0hn_0EHswry5b-fHQDNIDFW-/s320/cantiga(3).jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5367213213978620098" border="0" /></a><br /><div style="text-align: left;">por Cristina Thomé<br /></div><div><br /></div><div>Manso, o barco corta a água. Nele vou eu. Cerrados os olhos, corpo no sacolejo do rio. Todo sonho, vento leva. Todo desejo, água apaga.</div><div><br /></div><div>O rebojo risca de riso minha cara. Rasante de arara tinge o coração. Vou pra festa na vila. Pra quê mais festa do que a que tenho aqui? Morno de tarde boa de barco no rio que leva meu pensamento.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-2322482725938236202009-08-06T20:44:00.018-03:002010-02-23T17:29:42.073-03:00monólogo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj49PQcAt8mzktzi5RPONUkiNGAJ6bme6aH5JwtEeTax92XMZEst8_-DvTqpDdZ5WLMQRcfBlZ2s3Y65Kkje_cgRj6lb9PeudOLBn6rxhpKgEyx-17rHFJhGsnXIAZXoArBb9zzrqmlSQom/s1600-h/mon%C3%B3logo(2).jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 232px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj49PQcAt8mzktzi5RPONUkiNGAJ6bme6aH5JwtEeTax92XMZEst8_-DvTqpDdZ5WLMQRcfBlZ2s3Y65Kkje_cgRj6lb9PeudOLBn6rxhpKgEyx-17rHFJhGsnXIAZXoArBb9zzrqmlSQom/s320/mon%C3%B3logo(2).jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5367214775714009874" border="0" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;"><br />por Cristina Thomé</span><span style="font-size:100%;"><br /></span><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;">Límpida, a voz cruza o corredor, desce escadas, encontra a rua. O requinte das lembranças o habita novamente. O frio corrói seus ossos, não tem como remediar. A voz, ao menos, aquece. A força da sonoridade ressuscita imagens.</span></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;">Não se incomoda. Tanto faz os restos de roupa, a parede fria que lhe sustenta as costas. O que importa é enebriar-se na voz, lembrar-se tão nitidamente daquele rosto, a lembrança concreta que poderia tocar.</span></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;">Suas mãos atingem o vazio ao quase encostarem no passado. Nem sabe a qual vida pertence o rosto. Sente a dor funda. Todo o frio, toda a fome jamais machucarão como a ausência, a falta que o rosto lhe faz.</span></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:100%;">O canto lírico reacende o sentido. Parece que algum valor lhe resgata. Apenas sentimento, monólogo silencioso que a alma aceita tão bem.</span></div><div> <!--EndFragment--> </div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-83534426289013146052009-08-06T10:38:00.012-03:002009-08-07T13:48:33.963-03:00sopro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2xjfNGc_vAxlln_YQOCjLoUOqg33n5QWXrDOBALVP7qkWgCwIpsIyIcJT-BCXHuSPpVBCk90bcvNoNk9bVtVwr-0Bs-7tEU2raIOe8JToGyck5O-L5ZRihRPjrxflzMI-DMLhvA5N0k-O/s1600-h/oferenda.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 162px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2xjfNGc_vAxlln_YQOCjLoUOqg33n5QWXrDOBALVP7qkWgCwIpsIyIcJT-BCXHuSPpVBCk90bcvNoNk9bVtVwr-0Bs-7tEU2raIOe8JToGyck5O-L5ZRihRPjrxflzMI-DMLhvA5N0k-O/s320/oferenda.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5366844869660994994" border="0" /></a><br /><div>por Cristina Thomé</div><div><br /></div><div>O touro respira o bafo quente em meu pescoço. Sinto a fúria no tremor da carne, pontiagudo do chifre varando a pele. É festa de rua. Ritual de sangue.</div><div><br /></div><div>O animal me toma pra si. Oferenda desde a concepção, nasci de seu sopro. A ele, retorno.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-83015864004218209642009-08-06T10:31:00.021-03:002010-02-18T14:54:09.217-02:00passagem<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ3tDhultrhU95x9zcKg_h-SAD3gFGZam-cijOfjSrBtv-oIco3mqNNSG9uNYeOeSAHaByM7ONhQxYtE1ONR3RL8Yss2hdbdUMEdZecZHwPoFm9N1ROrJNC2oojgt1Idm_xi9LuiG2w3Ug/s1600-h/vazio.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 206px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ3tDhultrhU95x9zcKg_h-SAD3gFGZam-cijOfjSrBtv-oIco3mqNNSG9uNYeOeSAHaByM7ONhQxYtE1ONR3RL8Yss2hdbdUMEdZecZHwPoFm9N1ROrJNC2oojgt1Idm_xi9LuiG2w3Ug/s320/vazio.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5366843150661222786" border="0" /></a><div><br /></div><div>por Cristina Thomé</div><div><br /></div><div>Figura transformada em contorno. A imagem some como areia em mão aberta sugada pelo vento. Como fiapo de sonho na manhã. Rosto insano da louca nua que dança em meus olhos. A que falseia. A inconsciência no escuro.</div><div><br /></div><div>Deitada em cama de palha sobre a fogueira, no meio do nada, queima em rito remoto de morte. Cinza que a terra esconde. A terra, o tempo, a vontade comeram a sua passagem.<br /></div><div><br /></div><div>Sobrar o quê? Nada pra sobrar. Na medida, sua passagem.</div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-42113733673011036342009-08-03T22:14:00.007-03:002009-08-04T09:35:35.742-03:00distante<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw3CGTS3QscSk-0KGyKI_GIM-GUt-FPf2i5n7XOMvDQ-rhWz68nZ9DWd4CJvdSCMxJ0yKYorA-VZFaBRrlj9e1uvNoXY_BIo2L8p0MaW2hE_FPlNP_tcop5IMAbhPOF8vsY_KtG9Kb0vYn/s1600-h/distante.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 207px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw3CGTS3QscSk-0KGyKI_GIM-GUt-FPf2i5n7XOMvDQ-rhWz68nZ9DWd4CJvdSCMxJ0yKYorA-VZFaBRrlj9e1uvNoXY_BIo2L8p0MaW2hE_FPlNP_tcop5IMAbhPOF8vsY_KtG9Kb0vYn/s320/distante.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5365910851756929218" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">por Cristina Thomé</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><!--StartFragment--><span><span><span style=""><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Era puro olhar a menina de pensamento longe. Encostada na porta de madeira via uma imensidão de terra à sua frente. Tudo parecia absurdamente grande. Seus olhos se perdiam.<br /><br />Se perdia também no que imaginava vir a ser. O que talvez um dia fosse. A timidez era gigantesca. Nem imaginava como chegaria no lugar que precisava chegar. Nem sabia direito onde precisava chegar. Sabia que era longe de tudo o que estava a seu redor agora.<br /><br />Seus olhos eram doces. De uma doçura que chegava a agredir, porque o mundo lá fora a gente sabe que não seria muito bom com ela. Ela não sabia. Se deixava levar pela vontade de ganhar estrada e pelo medo de botar o pé descalço naquela terra tão conhecida sua. Pra nunca mais, se começasse a andar. No fundo, aquele doce todo talvez fosse capaz de driblar o que de mal ia cruzar o seu caminho.<br /><br />Por mais que o rude grudasse na barra de sua saia e se arrastasse com ela, sinto mesmo que ela daria conta de se livrar desse peso. Ela tinha tanta coisa boa naquela alma. Não é possível que fosse diferente. Ao olhar para aqueles olhos límpidos a gente se perdia.<br /><br />É certo que ela daria conta de chegar onde a intuição mandava ir. Ah! Daria conta sim!</span></span></span></span></div></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-61294538852435447762009-07-31T09:30:00.011-03:002009-07-31T16:07:57.666-03:00sonho [2]<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYNPyD-Xe7ZOquGMU_L7n4NpBnSs7IUPTZkL-G0OI04_SQpw3RcnVeB5aEDhjeq9e1AjET5lpRGLkDzPBV9SJZEJZsTWW2zcDivvShjdhnVJZEZ7Psm40hzV9Hj95PsRQOs8ecSh46NxeM/s1600-h/sonho2.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYNPyD-Xe7ZOquGMU_L7n4NpBnSs7IUPTZkL-G0OI04_SQpw3RcnVeB5aEDhjeq9e1AjET5lpRGLkDzPBV9SJZEJZsTWW2zcDivvShjdhnVJZEZ7Psm40hzV9Hj95PsRQOs8ecSh46NxeM/s320/sonho2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5364608608686873266" border="0" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">[registro do inconsciente – noite de 30 de julho de 2009]<br /></span><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Estou grávida. Sinto a barriga crescer e olho para ela. Ali, está acoplada uma caixa grande redonda – como aquelas de chapéu. Ela é bege, feita de papel arroz. Há uma luz dentro dela. Levanto a tampa e vejo meu bebê em formação.<br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Em instantes, a caixa desaparece. O meu filho – um menino negro – está em gestação do lado externo do meu corpo, ligado a mim por um fio que entra pela barriga. Vou a vários lugares com ele durante o sonho. O feto já é um bebê quase pronto. O menino tem fome e eu o amamento.<br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Protejo muito a criança. Tenho medo de que algo a machuque. Ainda não está pronta. Envolvo o bebê num tecido confortável, deixo-o constantemente em contato com minha pele, embalo-o carinhosamente o tempo todo. Sei que logo irá nascer. O fio se romperá. Poderei, então, descansar.</span></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-88450648594840072942009-07-30T11:34:00.019-03:002010-02-23T17:34:52.727-03:00outra vez<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvSIEu-fke9r1pq7Dzpg8_3kEg7g-6sor9cKPYx9Mrr1fphhI86-qeD3cMPf4xn8s1j8qSUGx40KF_jcOMvjljQU44YjtC1BonK5F3N7GQDjeoPNk_rmoQH6vvN9ilM_kdxWhf0tFNy3KY/s1600-h/outra+vez.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 206px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvSIEu-fke9r1pq7Dzpg8_3kEg7g-6sor9cKPYx9Mrr1fphhI86-qeD3cMPf4xn8s1j8qSUGx40KF_jcOMvjljQU44YjtC1BonK5F3N7GQDjeoPNk_rmoQH6vvN9ilM_kdxWhf0tFNy3KY/s320/outra+vez.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5364261832471857186" border="0" /></a><div><br /></div><div><!--StartFragment--><span><span><span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A vida junta coisas, folhas, frios, medos, pessoas. Ao mesmo tempo, ela também perde ou esconde tudo isso em algum canto da memória. Há momentos em que ficamos inundados por tanto que nos aconteceu. Em outros, com enormes lacunas, como se nunca tivéssemos passado por histórias que vivemos. Acontecimento sobre acontecimento, percepção sobre a outra são os responsáveis por nos reconhecermos.<br /><br />Fico me perguntando qual será a nossa verdadeira natureza. Ao trafegar pela vida nos sobrecarregamos de informações que não nos dizem respeito. Somos julgados, apreciados e esse peso de opiniões alheias vai se sedimentando sobre nossos ombros. E o que não é nosso, o que absolutamente não nos diz respeito passa a fazer parte da nossa autopercepção. </span></span></span></span><span><span><span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Existe uma natureza interna que vai ficando abaixo do lixo.</span></span></span></span><br /><span><span><span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br />Semana passada consultei o tarô do Osho e perguntei sobre inquietação e descontentamento, sensações presentes naquele momento. Parece que a memória havia trazido muitas experiências simultaneamente, o que provocou confusão e acabou me distanciando de mim mesma.<br /><br />O tarô trouxe a carta "Integração".<br /><br /></span><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> Integração</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br />O conflito está no homem. A menos que seja resolvido ali, não poderá ser resolvido em nenhum outro lugar. O desafio político está dentro de você; ele acontece entre as duas partes da mente.<br /><br />Há uma ponte muito pequena. (...) Se essa ponte for fortalecida o bastante para que as duas mentes deixem de ser duas e se tornem uma só, então acontecerá a integração, a cristalização (...) O encontro do masculino e do feminino dentro de nós, o encontro do yin e do yan, o encontro do esquerdo com o direito.<br /><br /></span><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> Comentário:</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> a imagem da integração é a união mística, a fusão dos opostos. Este é o momento de comunicação entre dualidades da vida, anteriormente vivenciadas. Em vez da noite opondo-se ao dia, a escuridão suprimindo a luz, as polaridades estarão trabalhando juntas para criar um todo unificado, transformando-se ininterruptamente uma na outra, cada qual contendo a semente do seu oposto no seu âmago mais profundo. A águia e o cisne são ambos seres alados e majestosos. A águia é a encarnação do poder e da solitude. O cisne é a corporificação do espaço e da pureza, flutuando e mergulhando com suavidade no elemento das emoções, totalmente satisfeito e realizado em sua perfeição e beleza. Nós somos a união da águia com o cisne: macho e fêmea, fogo e água, vida e morte. A carta da integração é o símbolo da autocriação, da vida nova e da união mística, conhecida também como alquimia. (www.osho.com)</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /><br />***<br /><br />Muito bacana nessa carta é o conceito da autocriação. Nada está pronto dentro de nós.</span></span></span></span> É a constante possibilidade de rever o que vai na alma, no corpo. Possibilidade de mudar de rumo, arrancar de dentro o que não serve, recriar.<br /></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6387755205851802257.post-3693924989815585492009-07-28T10:20:00.007-03:002009-07-28T11:06:42.029-03:00fundo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCNsI-BJ7OzQPeDPZQxF8MwHzQUbN_pUs7XNYy_vpOYTOzocwbZdbFrjZhtXc4eRFSNAPAoVB5MO1IhTIbz9lg8JeHpN74HF8vR5bCiLkegLh18nCB1dPC_7IsbR_cZmACliOarHXAaqVI/s1600-h/fundo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 206px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCNsI-BJ7OzQPeDPZQxF8MwHzQUbN_pUs7XNYy_vpOYTOzocwbZdbFrjZhtXc4eRFSNAPAoVB5MO1IhTIbz9lg8JeHpN74HF8vR5bCiLkegLh18nCB1dPC_7IsbR_cZmACliOarHXAaqVI/s320/fundo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5363500578092807586" border="0" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">por Cristina Thomé [17/05/2000]</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Caso disponha de alguns instantes, olhe fixamente para os meus olhos. Será invadido por um silêncio imaculado, uma profundez oceânica.<br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Nas pupilas amendoadas terá um caminho reto para tudo aquilo que imagino secreta e solitariamente. Existirão restos de navios. A palavra não pronunciada estará a seu alcance.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Mantenha seu olhar e haverá uma chave para o meu segredo, cujo conteúdo nem eu tenho explorado em toda sua profundidade. A ânsia violenta das ondas que se mostram na tormenta ao náufrago sem saída.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Continue olhando e terá o seu próprio medo recuperado, a dúvida sobre a existência em toda a sua possível exuberância. Um mundo fértil não compartilhado.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">"Há um silêncio onde nenhum som se faz ouvir.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Há um silêncio onde ser algum pode existir.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Na fria sepultura das profundezas do mar." </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">[Thomas Houd]</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Agora sim, desvie seu olhar. A tontura virá, a pressão das águas foi embora. Não encare mais ninguém, por enquanto. Descanse. Nunca se sabe o que lhe trarão os próximos olhos.</span></div>Cristina Thoméhttp://www.blogger.com/profile/03345912264250374335noreply@blogger.com4