terça-feira, 16 de junho de 2009

deixando ir

Minha casa é muito fria. O sol bate nas paredes até umas duas da tarde mais ou menos. Depois disso, nada de sol. O chão é de cerâmica e quando retorno pra casa à noite, parece que a neve caiu lá fora. Nunca vi neve, mas o frio que sinto me faz imaginar que a sensação térmica deva ser por aí...

Estou entre comprar um aquecedor, mais tapetes, aumentar o número de edredons. Isso pra mim e para a família felina: douglas, khalil e zecabolinha. Para eles já "armei" uma cidade paralela de calor, com direito a colchão no chão, muitas cobertas espalhadas pela casa e esconderijos estrategicamente construídos.

De uns dias pra cá venho organizando minha vida: separando roupas que não uso, revendo papéis, livros, objetos, bijouterias, penduricalhos e afins. Me predispus a: o que serve e uso, fica; o que não uso e não vejo nenhuma utilidade imediata, sai. Estou precisando oxigenar a casa e a vida. 

Bem, na falta de um vinho tinto – que vou providenciar hoje sem falta –, acabei tomando uma Bohemia (completamente inapropriada) para acompanhar a empreitada. Embora tenha avançado pouco ontem, fiquei bem feliz em ver coisas separadas para serem doadas, devolvidas ou simplesmente jogadas.

Depois de um banho quente, já com uma roupa confortável e com um capuccino nas mãos, pedi orientação ao tarô do Osho para o momento presente. Ele me trouxe a carta "Deixando ir"... 

Deixando ir
Na existência não há ninguém que seja superior e ninguém que seja inferior. Uma folha de grama e a grande estrela são absolutamente iguais...

O homem, porém, quer estar acima dos outros, quer conquistar a natureza, e por isso precisa lutar continuamente. Toda complexidade é fruto dessa luta. A pessoa inocente é aquela que renunciou à luta, que não está mais interessada em estar acima, que não está mais interessada em mostrar desempenho, em provar que é alguém especial; é aquela que se tornou semelhante a uma rosa, ou a uma gota de orvalho sobre a folha de lótus; que se tornou parte desta infinidade; aquela que se fundiu, se misturou e se tornou uma coisa só com o oceano, e agora é simplesmente uma onda; é aquela que não tem qualquer ideia do "eu". O desaparecimento do "eu" é a inocência.

Comentário: Nesta imagem de folhas de lótus ao amanhecer podemos ver, pela ondulação da água, que uma gota acabou de cair. É um momento precioso, pungente. Ao render-se à força da gravidade escorregando da folha, a gota perde a sua identidade anterior e junta-se à vastidão da água que está embaixo. Podemos imaginar que ela deve ter vacilado antes de cair, na exata fronteira entre o conhecido e o incognoscível. Tirar esta carta em uma leitura é o reconhecimento de que alguma coisa acabou, de que algo está se completando. Seja o que for – um emprego, um relacionamento, um lar que você amou, qualquer coisa que possa tê-lo ajudado a definir quem você é – é hora de deixar isso para trás, permitindo qualquer tristeza que surja, mas sem tentar se agarrar ao que se completou. Alguma coisa maior está esperando por você: há novas dimensões a serem descobertas. Você ultrapassou o ponto a partir do qual não há volta, e a gravidade está cumprindo a sua função. Não resista: isso significa libertação. (www.osho.com)

 ***

Sem negar a tristeza que ora visita a casa ou a vida, sinto que aos poucos as coisas estão indo... embora.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tenho acompanhado seus textos... vc anda escrevendo por mim.
Todos esses sentimentos são meus também.