
por Cristina Thomé
Gostava de ver o escapulário contornando seu pescoço até o meio dos seios. Havia emagrecido bem nos últimos tempos e se sentia confortável assim.
A corrente era fininha prateada com Jesus Cristo e Nossa Senhora do Carmo nas extremidades. Fazia contraste com a pele clara. Especialmente no banho gostava de segurá-lo entre os dedos, enquanto a água reconfortante levava o peso do dia.
Ao olhar para seu corpo branco riu sozinha. Lembrou de ter sido chamada de "translúcida". Foi uma brincadeira carinhosa de Alba, pessoa que conhecia pouco e respeitava muito. A imagem de Alba fez a memória despregar lembranças boas. Lembrar embaralhava o tempo, tornava-o acidental, relativo. E isso não era ruim àquela altura.
O escapulário não pertencia a essas lembranças. Veio depois. Ao apertá-lo com um pouco mais de força foi sugada para o presente. De translúcida sua pele migrava para vermelha. Hora de sair do banho e da memória.
2 comentários:
ESTÁ ESCREVENDO BEM, CARACA, VC E A GIL FORAM FEITAS EM LABORATÓRIO!
Oi Cris! Seu blog está uma delícia. A Bete está bem?
Saudade docêis...
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