
por Cristina Thomé [01/07/2009]
O pulmão se enche de ar novo. Com força, o homem de bengala respira na praça, inspira o ar bom da manhã, trazendo pra dentro do peito coisa limpa. Sente o vento suave atravessando seu corpo um pouco enferrujado. Sente a vida tomando a corrente sanguínea.
O pulmão se enche de ar novo. Com força, o homem de bengala respira na praça, inspira o ar bom da manhã, trazendo pra dentro do peito coisa limpa. Sente o vento suave atravessando seu corpo um pouco enferrujado. Sente a vida tomando a corrente sanguínea.
Pra quê girar em círculos? Pra quê? Já não há mais sentido... Já não faz diferença. Nada mais, nada mais será como antes. Encheu-se de seu apartamento mofado. Queria cores. Agora o homem de bengala quer cores. Lentamente poderá se abrir. Está pronto. Ou quase.
Anima-se com a brisa, com as folhas que lambem seu rosto e começa a caminhar. A bengala é companheira mas também um tanto inimiga na medida que retarda o passo e lhe faz sacolejar. Tudo bem. É esse o movimento. O melhor é seguir do jeito que dá. De algum jeito daria.
No rosto um sorriso discreto. Mas, dane-se, é um sorriso. Está bom assim. O homem alinha o paletó, dá um jeito na gravata para se sentir mais elegante e recomposto. Está bom. Amanhã vestirá algo mais casual e vivo. Para hoje está satisfatório. Segura firme a bengala e anda até o final do parque amanhecido, sozinho, firme.
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