sexta-feira, 24 de julho de 2009

chuva

É noite. Quase pegando no sono, um clarão na fresta da janela. Levanto meio a contragosto. Pressinto formação de chuva. Não dá outra: o tempo começa a mudar.

Escancaro a janela. Um vidro separa fora e dentro. Volto pra cama, busco aconchego no cobertor e contemplo a gestação do espetáculo pela natureza. É magnífico. Raios cortam o céu. A tempestade escondida na massa escura das nuvens. O monstro grita na noite.

O princípio de chuva brava me traz à lembrança os cavaleiros do apocalipse. Belíssima essa imagem. Imagino os cavalos rompendo a escuridão, relinchando, levantando-se sobre as patas traseiras. Adormeço com o som da tempestade... Sonho com leões, muitos. Todos à minha volta.

Não sinto medo exatamente, mas o instinto de preservação me paralisa. Se tentar sair, serei morta. Em silêncio, aprecio a beleza deles. Estou num deserto e os leões continuam andando em círculos em torno de mim. Dois deles brigam entre si, disputando a carne de outro animal.

Acordo na madrugada. Cai uma chuva mansa lá fora, o que me enche de calma. Sempre tive uma ligação muito forte com a chuva, com os extremos da chuva.

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