quinta-feira, 27 de novembro de 2008

canseira


Depois de caminhar e correr quase 14 km, estou exausta, pernas cansadas, corpo moído. Ao chegar em casa, peço orientação ao Osho sobre coisas que surgiram na mente durante o exercício.

Concentrei-me e retirei a carta Sofrimento:
"Esta dor que o aflige não deve deixá-lo triste, lembre-se disso. É este o ponto que as pessoas continuam a não compreender... Esta dor é apenas para deixá-lo mais alerta – porque as pessoas só ficam atentas quando a seta vai fundo no seu coração e as fere. De outra maneira, não despertam. Quando a vida é fácil, confortável, conveniente, quem se preocupa? Quem se dá ao trabalho de ficar alerta? Quando morre um amigo, apresenta-se uma possibilidade. Quando a sua mulher o abandona – naquelas noites escuras, você sente solidão. Você amou tanto aquela mulher e arriscou tudo por ela e, então, de repente, um dia, ela vai-se embora. Chorando na sua solidão... essas são as ocasiões em que, sabendo aproveitá-las, você poderá tornar-se consciente. A seta está ferindo: então é possível usá-la.
A dor não existe para fazê-lo infeliz: ela está aí para torná-lo mais consciente! E, quando você se torna consciente, a infelicidade desaparece.

Comentário: (...) Tempos de grande sofrimento trazem em si, potencialmente, tempos de grande transformação. Para que a transformação aconteça, porém, é preciso irmos fundo às raízes da nossa dor, vivenciando a dor exatamente como ela é, sem culpa, sem autopiedade."

Khalil interditou o caderno. Acariciando seu corpinho sobre as palavras e saboreando uma Bohemia gelada, me deixo embalar... Quanto tempo levei para encontrar a mim mesma? Muito tempo... E, sou grata à dor que me trouxe a mim.

Somos ridículos, no final das contas. Colocamos coisas à nossa frente, tentando dar mais uma mão de verniz. Ao querer ficar "bem na fita" para os outros, enganamo-nos.

É estranho perceber que fugimos de nós mesmos. As pessoas existem, mas a troca tem limites (ainda bem!). O equilíbrio está em dar o que podemos e receber o que o outro pode dar. Não há filho, marido, cunhado, amante, primo, mulher, amigo, bisavó, papagaio... que vá cobrir o nosso vazio. 

O nosso bem-estar depende unicamente de nós. Existe muito medo em encarar isso! Ninguém de fora trará a sensação de paz. Não existe uma metade nossa solta por aí, nem um pedacinho sequer que nos completará, além de nós mesmos. Trocar e aprender, sim! Esperar,  não!

A dor tira a frescura, descasca o verniz. O sofrimento nos faz mais verdadeiros, melhores. É a tal da consciência!

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