sábado, 22 de novembro de 2008

Abandonando janeiro


Em janeiro aconteceu algo impressionante, que impulsionou as mudanças que já haviam sido detonadas em mim. O que aconteceu não interessa. O importante é que foi algo bom e ruim, pois me trouxe ao longo do ano um sentimento recorrente de rejeição.

Daí, pensando sobre isso ontem, veio uma imagem do passado: a camionete se distanciando. Nela, meu pai e meu irmão ou, então, minha irmã. Eu sempre ficava. Enquanto ajudava minha mãe a cuidar da casa, cozinhar, lavar o imenso quintal da casa no sítio, ficava imaginando o quê de bacana eles estariam fazendo e que eu estava perdendo. Sentia-me abandonada, vivendo coisas sem graça. Tudo de mais interessante estava lá, com eles...

Tão oportuna essa lembrança. É quando sentia-me "deixada de fora", excluída. Parece que nada que eu fizesse seria tão maravilhoso quanto o que eles estavam vivendo naquele momento. E, essa sensação de abandono a vida traz repetidas vezes. Ela vem, depois vai embora. E, novamente uma situação a traz de volta, e vai embora. E, de novo, de novo...

"O forasteiro", carta do tarô, deixou isso tão claro ontem à noite. Fiz uma pergunta bastante específica e o osho me trouxe:

"Sempre que nos sentimos deixados de fora, excluídos, isso gera essa sensação de ser uma criança pequena e desemparada. Não é de causar espanto, pois esse sentimento está profundamente enraizado nas nossas experiências da mais tenra infância. O problema é exatamente esse, porque estando tão profundamente enraizado, o sentimento ressurge repetidas vezes em nossa vida, como se fosse uma fita gravada. Neste momento uma oportunidade lhe está sendo oferecida para você interromper essa gravação, para deixar de atormentar-se com a idéia de que, de alguma maneira, você 'não está à altura' para ser aceito e recebido. Reconheça que as raízes desse sentimento estão no passado, e deixe ir embora essa dor antiga. Isso irá trazer-lhe lucidez para enxergar como pode abrir o portão e iniciar-se naquilo que você tanto anseia ser".

Dei-me conta, então, que janeiro me trouxe a possibilidade de abrir outra porta e olhar através dela. A consciência de que o que me acontece depende da festa que eu própria preparo pra mim, me enche de tranqüilidade. O que eu faço é maravilhoso, o momento presente é fascinante. Sentindo as coisas dessa forma, o estímulo externo fica menor. Não fico vivendo o "maravilhoso" dos outros. Vivo o meu, que é tão gostoso.

Estou abandonando janeiro, pelo menos da forma como o conheci. Ele pode estar se transformando. Mas o importante é que não me sinto excluída, não me sinto de fora.

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