
por Cristina Thomé
A morte pacientemente saboreia um cachimbo. Imperceptível, sorve o fumo e observa a paisagem exposta pela ampla janela. Encostada como está, vislumbra o acotovelamento de centenas de pessoas na cidade. Seres apressados em todas as direções, sempre atrasados para alguma coisa.
Terno bem cortado, abotoaduras, sapatos impecavelmente lustrados, a morte traz vaga lembrança do sentimento de urgência. Todo luxo e prazeres já são eternidade para ela. Conquistou este posto em séculos de trabalho bem feito.
Vagueia sábia e firmemente entre os humanos. Não há temores. Seu papel se restringe a estirpar a vida. Conduzir almas é trabalho para entidades que têm a incumbência da passagem.
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