quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Destino e discursos



Casualmente fui confrontada ontem com verdades diferentes. Ou não foi nada casual... Sei lá! Talvez seja o tal do destino mexendo seus fios de marionete e a gente sempre achando que está no controle...

As situações têm me mostrado que não existe "verdade". Existem sim,  "verdades". Leonardo Boff – e, acho que um monte de gente além dele...– diz que "um ponto de vista é a vista de um ponto".  Depende a partir de onde se observa, determinada coisa nos parecerá sob determinada maneira. Se alguém, do outro lado do vale, se debruçar para olhá-lo, verá outra paisagem, porém o mesmo vale...

Ontem ouvi um novo ponto de vista sobre uma história que já conhecia. E, trazendo à memória os outros pontos de vista, nenhum deles me pareceu errado. Apenas diferentes, porque pertencem a diferentes pessoas.

Isso me fez pensar sobre discurso: o quebra-cabeças das palavras. Uma coisa é de fato ver um determinado assunto sob determinada perspectiva. A tolerância implica em aceitar diferentes pontos de vista. Mas, existe o risco de manipularmos as palavras de forma que o outro acredite que o nosso ponto de vista é o mais adequado. Este pode ser um ato premeditado ou inconsciente.

Palavras são grandes esconderijos, às vezes. E não é lá muito "fair play" manipular, inverter o discurso, para convencer o outro de que temos razão. Tenho pensado sobre discurso, pontos de vista e culpa. Se vibramos no universo da culpa, somos presas fáceis do discurso alheio. É uma questão do outro descobrir onde está nossa vulnerabilidade e, pronto!

Ficar nu, despido de discurso, é tarefa das mais difíceis. O outro poderá ver em nós o que somos ou o que ele acha que somos. Podemos argumentar, mas não impor. Ao deixar que o outro nos veja livremente, abrimos caminho para que ele fique ou para que ele vá embora. E daí, precisamos gostar e acreditar em nós mesmos para aceitar a rejeição: ser rejeitado pelo que o outro sinceramente viu em nós. Ou, surpresa: o outro pode ficar porque gostou do que viu.

Criar uma teia para segurar as pessoas, através da manipulação do discurso, é muito cruel! Principalmente quando o outro ainda é dependente de nós, quando o outro não acredita em si próprio, está perdido ou cansado. E quem faz isso pode apenas estar tentando se livrar da culpa que acha que tem, jogando-a nos ombros de outra pessoa e, se enganando, achando que a sua verdade é a única!

Bem, depois de todas essas reflexões paralelas a um papo comprido, cheguei em casa e pedi uma orientação ao Tarô: ele me mostrou "O Bobo".


O bobo
(a carta zero)

Bobo é quem confia sempre; bobo é quem continua confiando, contrariamente ao que recomendam todas as experiências vividas. Você o engana, e ele confia em você; você o engana de novo, e ele continua confiando; você o engana mais uma vez, e ele ainda confia em você. Então você dirá que ele é um bobo, que não aprende. A confiança dele é enorme; é uma confiança tão pura que ninguém consegue corrompê-la.

Seja um bobo no sentido taoísta, no sentido zen. Não tente criar uma muralha de conhecimentos em torno de você. Seja qual for a experiência que venha a você, deixe-a acontecer e depois siga em frente, descartando-se dela. Vá limpando sua mente o tempo todo; vá morrendo para o passado, de forma a permanecer no presente, no aqui-agora, como se tivesse acabado de nascer. No começo isso será muito difícil. O mundo começará a tirar vantagem de você... deixe que o façam. São uns pobres companheiros.

Ainda que trapaceiem você, que o enganem e roubem, deixe acontecer, porque aquilo que é realmente seu não pode ser roubado, o que realmente lhe pertence ninguém pode tirar de você. E a cada vez que você não permitir que as circunstâncias o corrompam, a oportunidade se transformará em um efeito de integração dentro de você. A sua alma se tornará mais cristalizada.

Comentário:
momento a momento e a cada passo o Bobo vai deixando o passado pra trás. Só leva sua pureza, sua inocência e sua confiança, simbolizadas pela rosa branca na mão. O estampado do seu colete apresenta as cores dos quatro elementos do Tarô, indicando que ele está em harmonia com tudo o que existe à sua volta.  A sua intuição está à flor da pele. Neste momento, o Bobo tem o apoio de todo o universo para dar o seu salto em direção ao desconhecido. Aventuras esperam por ele no rio da vida.

A carta está indicando que, se neste momento você confiar em sua intuição, na sua sensibilidade para o "caminho certo" das coisas, você não poderá errar. Os seus atos poderão parecer "tolos" para os outros, ou até para você mesmo, se tentar analisá-los com a mente racional. A posição "zero" porém, ocupada pelo Bobo, mostra que a confiança e a inocência é que são os guias, e não o ceticismo e a experiência passada. (fonte: www.osho.com)

Um comentário:

Yub Miranda disse...

Olá, minha Querida Cris!!!

Muito Obrigado por apresentar o link de teu blog ontem. Vim, li e GOSTEI! :-D

O que mais me marcou foi o quanto vc escreve bem e coloca sua alma/sensibilidade em cada frase. LINDÍSSIMO! E inspirador!

PARABÉNSS!!

obs.: Ao ler sobre O BOBO em seu blog, logo associei com o trecho do livro AS SETE LEIS ESPIRITUAIS DO SUCESSO, do Deepak Chopra, que estou folheando ao acaso.

Eis o trecho:
A lei do distanciamento
"No distanciamento está a sabedoria da incerteza... na sabedoria da incerteza está a libertação do passado, do conhecido, que é a prisão dos velhos condicionamentos. E na mera disponibilidade para o desconhecido, para o campo de todas as possibilidades, rendemo-nos à mente criativa que rege o universo."

Não é a cara dO Louco do Tarot??? ;D

Beijo bem carinhoso nocê...
Yub, seu mais novo fã!