segunda-feira, 31 de agosto de 2009

gelo


por Cristina Thomé

A camada espessa de gelo isola do mundo. Tudo se confunde.
Acima, o riso mudo nas faces congeladas. O isolamento é cruel. O riso congelado é cruel.

"São os riscos que se corre", diz a voz abafada em meus ouvidos submersos. Há riscos em tudo, meu bem. De que riscos você fala? Eu falo de doença. Existem pessoas doentes pisando sobre nós.

Permaneço abaixo do gelo. Com as mãos sangrando bato violentamente, quero me libertar. Cansada, me entrego. O afogamento. A água invade meus pulmões, o corpo inteiro. O que está inerte cede. Meu corpo cai, profundo. Vou para o nada, para a conhecida suspensão. Também eu preciso me curar.

3 comentários:

Leandro Correia disse...

e aí, passando pra dizer que tem post novo lá, heheh ... http://cartumavesso.blogspot.com/ ... demora mais às vezes acontece, hehehe ... beijos! Vê lá ...

Leandro Correia disse...

O gelo doi ...

Neuzza Pinheiro disse...

a poesia está lá: sob camadas e camadas de gelo. Então, você vai e traz. Lindo esse texto, Cris.