segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

kassía


Dia desses estava frente a uma acácia-amarela, sentada num banco de praça de uma cidade pequena, conversando com Dona Yolanda. Ela contava coisas sobre sua vida, como foi feliz com seu marido gaúcho, a alegria dos bailes, a história dos filhos e como o marido morto lhe fazia falta.

O corpo envelhecido de Dona Yolanda e, atrás de nós, sua casa deteriorada pelo tempo – porém ainda bonita –, me fez pensar em como podemos nos alimentar do passado caminhando pra morte. E, ao mesmo tempo, me veio a sensação de que ao viver do passado e das boas lembranças que ele nos rende, estamos esgotando a nossa energia vital. Paramos de receber a novidade, a curiosidade se exaure. Neste momento, começamos a queimar memórias para alimentar a vida.

Dona Yolanda contava animada sobre quanto dançou com seu marido, como adorava viajar com ele e o quanto ele a enchia de vivacidade. Eu a ouvia – uma voz boa a de Dona Yolanda –, com os olhos fixos naquele final de tarde e na imensa acácia-amarela à minha frente.

Quanta beleza tem essa árvore. Não sabia que se chamava acácia. A bela Maria – a Ci –, que estava conosco há poucos minutos, havia dito que era assim o nome. Ao procurar no dicionário e descobrir que "acácia" tem origem na palavra grega "kassía"... achei a árvore ainda mais bonita.

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